segunda-feira, 25 de julho de 2016

Discoespondilite e Brucelose.

Cão, SRD, de aproximadamente 2 anos apresentando acentuada sensibilidade dolorosa e dor à palpação em região toracolombar, sendo encaminhado ao centro diagnóstico para exame radiográfico.

Ao exame radiográfico nota-se lise das placas terminais de L2-3, L3-4 e L4-5 e espondilose ventral anquilosante em L2-3. Pelo histórico do animal e achados radiográficos, suspeitou-se de brucelose.


E o diagnóstico foi discoespondilite secundária à brucella sp.


A discoespondilite é causada por infecção bacteriana ou fúngica dos discos intervertebrais e corpos vertebrais/placas terminais. O organismo isolado mais comum é o Staphylococcus spp. No entanto o exame para Brucella deve ser sempre realizado por seu potencial zoonótico.
 A lise das placas terminais  tende a ser visualizada mais precocemente no processo patológico, ao passo que a formação óssea é observada mais tardiamente.

O caráter zoonótico da brucelose canina por B. canis deve ser considerado em face da complexa relação da população canina com os seres humanos (Côrtes et al. 1988) e principalmente pelo estreito contato estabelecido entre cães e crianças. Até o momento há o registro de mais de 35 casos de infecção por B. canis em seres humanos em todo o mundo, tanto em infecções naturais como naquelas adquiridas em laboratório como doença ocupacional. O contato com cadelas que abortaram foi a forma de contágio mais freqüente; no entanto, há alguns relatos de exposição relacionada a cães machos e inclusive alguns casos em que não foi possível a identificação de uma fonte de infecção (Carmichael & Greene 1998). Os principais sinais clínicos nos seres humanos são febre, calafrios, fadiga muscular, sudorese profusa, mal-estar, linfadenomegalia e perda de peso. As raras complicações incluem endocardite, miocardite, pericardite, meningite, artrite, hepatite e abscessos viscerais (Greene & George 1984, Hartigan 1997, Carmichael & Greene 1998).




3 comentários:

  1. Olá!

    Esta alteração pode ser confundida com "Nódulo de Schmorl"?
    Como eu posso diferenciar essas alterações no exame radiográfico? Ou apenas pela clínica/exames complementares do paciente?

    Muito obrigada desde já.

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    1. Bom dia Rafa, desculpe a demora.

      Pode ser um dos diferenciais radiográficos, porém, quando observamos nódulos de Schmorl o paciente normalmente é assintomático e isso raramente têm relevância clínica (na medicina veterinária).

      Radiograficamente os nódulos aparecem como pequenas depressões, já na discoespondilite há lise óssea de uma ou ambas extremidades vertebrais e, ocasionalmente dos corpos vertebrais, pode haver proliferação óssea adjacente à vértebra infectada, incluindo espondilose ventral anquilosante, estreitamento do espaço discal afetado, que posteriormente pode alargar e esclerose reativa em ambos os corpos vertebrais do espaço discal afetado. Dependendo da cronicidade.

      Sempre correlacionando achados de imagem com a clínica, histórico e exames complementares do paciente, para um diagnóstico mais preciso.

      Espero ter ajudado.

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  2. Ajudou muito! Obrigada! =D

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